Não disse que ia ali rapidinho e já voltava? Pois é. Quase dois anos
passaram e cá estamos nos preparando para a nossa volta ao Brasil. Em 30 dias
estaremos de volta...ansiedade, frio na barriga, esperança e um imenso sentimento
de saudade. Saudade de tudo isso aqui. Saudade da minha vida em Urbana.
Chegamos em Urbana em agosto de 2012, num lindo dia de verão. Eu não
falava nada de inglês, não sabia cozinhar, não sabia cuidar de casa e achava
que a única coisa que eu sabia fazer era trabalhar. Que coisa... hoje, 1 ano e
10 meses depois, cozinho muito bem, lavo o banheiro que é uma beleza, faço
unha, me viro bem no inglês e ainda costuro roupa. Eita Urbana...quanta coisa
aprendi aqui. Coisas simples da vida. Uma vida simples. Como fui feliz aqui...e vou levar isso
comigo, para qualquer lugar que eu for, Urbana sempre estará dentro de mim.
André, muito obrigada por esse presente chamado Urbana. Não foi fácil
pra você. Muito estudo, muita dedicação e sacrifício. Muito orgulhosa de você.
Orgulhosa de tudo que você fez, do seu desempenho, das suas notas e da sua
coragem. You are unbelievable.
Estamos voltando, muito caminho ainda pela frente, muitas aventuras e
muito aprendizado. Ainda temos muita coisa pra viver, mas Urbana sempre será
lembrada como um capítulo especial em nossas vidas. Capítulo que certamente
está direcionando o futuro da Ana e o que ela será. O seu potencial se
consolidou aqui. Um capítulo que nos aproximou muito e onde fomos muito felizes.
Obrigada.
Já há algum tempo venho percebendo uma mudança no comportamento da minha
filha, Ana. Ela tem estado mais insegura e com a ansiedade ligada na máxima
potência. Ela está crescendo. E não estou falando só do crescimento físico, que
é visível e as vezes assustador. Estou falando do seu crescimento de pessoa. Do
seu crescimento de alma. Minha Ana está se tornando uma moça. E junto com esse
crescimento vem um monte de dúvidas, incertezas e mudanças. A sua percepção do
que é a vida está mudando. Ela já começa enxergar o mundo e sua vida de forma
diferente. Ela está tomando consciência do seu crescimento, das diferenças que
existem no mundo (e nela) e de que em algum momento da vida as pessoas vão
embora para sempre. Tudo isso tem a deixado muito insegura e ela já começa a projetar
coisas futuras e sofrer por elas. O “mas
e se isso acontecer?”, “mas e se eu não conseguir?”, “E se…”, “ Será que…”, tudo
isso virou uma constante e mesmo com inúmeras conversas incentivadoras,
carinhos e ajudar na sua autoestima, a coisa não passa. Sua cabecinha está a
mil e nada acalma seus pensamentos. Foi por isso que decidi apresentar e dar para
ela uma dose de Bob Marley.
Bob Marley, pra mim, sempre foi o maior representante do que a gente
pode chamar do pensamento positivo. Foi por isso, que achei que era a hora dele
entrar na vida da Ana. Mais do que palavras incentivadoras e apoio familiar,
acho que a Ana está precisando enxergar as coisas de uma forma mais positiva.
Os problemas existem. As diferenças existem. Sempre vai existir algo que ela
não vai conseguir fazer e que outra pessoa vai conseguir fazer e tudo bem. Isso
é normal. Sem dramas quanto a isso. A vida é feita de frustrações e de sucesso.
Ela, como todo mundo, terá seus fracassos e seus sucessos e tudo bem! Ninguém é
perfeito e não precisamos ser. É claro que sempre iremos incentivá-la a fazer o
melhor, mas acho que, agora, ela precisa mais aceitar sua limitações, onde ela
achar que existem e enxergá-las de forma positiva. É hora de entender que ela
pode transformar tudo isso em algo positivo. Voltando para Bob Marley, nessa
minha tentativa de amenizar suas incertezas e frustações, o tempo todo eu só
tinha uma mensagem na cabeça e que gostaria muito de transmitir para ela: don’t
worry. Everything is gonna be alright.
Pensando nisso, fui no Youtube e tentei achar algum video da música Three little birds para mostrar pra ela.
Acabei mostrando a versão que o Gilberto Gil fez pra música, pois o vídeo é uma
animação bem bacaninha e achei que para ela seria mais interessante. Quando
começou aquele reggaezinho macio e gostoso, ela já começou a dar uma relaxada,
daí veio a letra e tudo ficou mais fácil e claro. Tudo bem que ela não entendeu
nada quando viu o Bob Marley fumando “cigarro” num taxi voador, mas acho que a
mensagem foi transmitida e fez Ana pensar mais positivamente sobre as mudanças
que estão acontecendo na vida dela. É claro que depois mostrei o Bob Marley
original pra ela e aí a noite foi longa, pois ela queria saber tudo sobre ele.
Essa situação fez muito bem pra mim também. Ana não é ansiosa à toa.
Puxou a mãe. Eu também estava vivendo dias tensos relacionados a projeção que
estou fazendo da nossa volta para Brasil. Falta menos de 1 ano para voltarmos e
isso estava me deixando piradinha. “O que vai acontecer quando voltar?”, “Será
que vou conseguir trabalhar de novo?”, “ Será que terá algum lugar pra mim?”,
Será que vou continuar fazer as mesmas coisas de antes?”, “ Poxa…queria fazer
algo novo”, “Será que vou conseguir?”. Isso
foi bom pra eu parar e pensar: sim, falta menos de 1 ano, então vamos
aproveitar e viver isso. Viver o nosso presente. Viver essa vidinha simples,
sem grana, mas livre. Vamos aproveitar isso e curtir cada passeio de bicicleta
pela cidade, cada patinada no gelo, cada ida a biblioteca, cada dever de casa
que tenho o prazer de ajudar a minha filha a fazer, cada dia de sol e cada dia da
minha vida em Urbana.
Since I came here I have learned a lot. I
learned things that I never imagined I would learn. Wait! I didn’t learn
important things. I learned simple and funny things, for example: I cook! I can
do my nails by myself (I don’t know which is the right way to say this is
English). I have time for Ana, I have time to go to the Gym, I learn Ice
skating and I take care of my house. Everything is progress, except my English.
I can do everything, except speak English!
Frustration: my frustration here is my English.
Of course I have had progress with my English. When I came here I didn’t speak
nothing. Now I understand better, I read better, I write better, but I can’t
speak better. My speaking is a disgusting. My accent is strong and everything
disappears in my mind when I try to speak. And worst: now I feel like my English
stopped! I have had a progress and now it stopped. Sometimes I think I have
lost my English. I know, and who knows me knows that I’m very exaggerated, but
is true! Or this is how I fell.
So because of this I decided write this post in
English. Only to try and because I have time. Sorry for my mistakes. I’m just a
Desperate Housewife.
Depois de
longos meses de inverno, finalmente chegou a primavera e com ela nossa energia
está de volta. É impressionante como uma estação do ano pode mexer tanto com a
gente. Olha…viver 5/6 meses no frio de Illinois não é fácil, ainda mais pra quem
sempre viveu em Brasília, como eu, e não fazia ideia de como é morar num lugar com estações do ano bem definidas. Como alguém comentou num post do André
(no Facebook) "Brasília tem duas estações: calor e inferno".
No começo
do inverno tudo era novidade. A neve era recebida com festa. Depois o frio foi
aumentando e ficando insuportável. A vontade de sair de casa e vestir aquele
monte de roupa era zero. Tudo foi ficando monótono, sem graça e chato. E quando
você acha que vai enlouquecer de vez, chega a primavera, que estação linda!
Todas as pessoas são contaminadas por uma alegria generalizada. Saem nas ruas e
aproveitam cada minuto do dia para fazer algo ao ar livre: correr, andar de
bicicleta, jogar Frisbee, fazer BBQ, subir em árvore, etc…
O que estou
achando mais bacana é voltar a ver as crianças brincando do lado de fora.
Moramos numa área residencial onde
estudantes de pós-graduação vivem com suas famílias. Tem gente do mundo inteiro
e, é claro, alguns Brasileiros. Já viu, né? A turma está formada! Eles brincam
o tempo todo do lado de fora. Uma turma muito bacana. Acho que a Ana nunca teve
tantos amigos e brincou tanto. Me lembra demais a turma da Octogonal, assim
como lembra, para o André, o clima da turma da Colina, quando ele era criança. O
legal é que essas crianças brincam livres e com segurança. A gente deixa a
porta de casa aberta e as crianças vão entrando e saindo. Nossa casa virou o
point da galera. Quando estão cansados entram, pegam água e saem correndo lá
pra fora de novo. André, que está de férias, coloca pilha na molecada. Faz churrasco,
vídeos e inventa brincadeiras. Virou o tio da galera.
É a
primavera e seus encantos. Depois de um inverno sofrido, estamos vivendo
merecidamente esse momento e olha que ainda vem o verão e mais 3 meses de férias.